terça-feira, setembro 27, 2005

Poesia Tola

Ambrosius Holbein

Corre Manuel,
alçando o estandarte da utopia,
Percorrendo as ruas de lés a lés,
Sob o silêncio de quem,
da janela, espreita
Com olhos de eterno espanto.

Corre Manuel,
afugentando da memória
as traições do outro que sempre
foi gordo como um burguês, e
sempre foi burguês como um aristocrata,
e aristocrata como republicano,
republicano como presidente
e presidente como rei.

Corre Manuel,
afugentando o fedor dos
que não sonham,
escalando montanhas de
cadáveres putrefactos,
apontando aos céus os sonhos
de uma nação sonhada.

Corre Manuel,
contra a estreita lança da razão,
que vem da raiz direita das coisas
como um salvador das finanças em tropel.
Corre Manuel, corre Manuel.

Não deixes que o teu sonho caia na lama,
não deixes que os canhões esfiapados do homem
das múltiplas-ideias-uma-só te faça
perder o compasso deste poema de rua.

Corre Manuel,
não deixes que esse estreito
rio esquerda
reduza o mar, e o sonho do mar,
a um pobre problema de econometria
ou a uma cassete roubada na feira da ladra.

Corre Manuel,
sem destino outro que não o sonho,
sem outra bandeira para além da palavra,
para longe das traições,
da mudez,
do vozear infecundo
dos idiotas.

Corre Manuel,
acompanha passo a passo
este país desolado,
enfrenta com ele o seu destino,
corre Manuel.

Corre Manuel,
corre com ele para o nada.

1 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

parece então k todas as nossas corridas estão votadas ao fracasso, ao nada! m****! Bjs e ;)

5:46 da tarde  

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